Alguém me escreveu um comentário em que elogiava a minha "Coragem" de dizer o que penso. Não é coragem, não tenho nada a perder dizendo o que penso. Felizmente estamos num país livre. Longe vai o tempo em que os artistas se criticavam, saudavelmente, uns aos outros. Estou-me a lembrar num diálogo dos "Maias" de Eça de Queiroz em que duas personagens discutiam sobre a o Realismo (ou Naturalismo, não me recordo bem) e o Romantismo.
Hoje em dia somos uns Cínicos. Todos entram numa exposição e todos dão os parabéns ao artista e dizem que gostaram muito. Depois, alguns, saem da galeria e dizem "que grande merda". Isto é uma coisa normal? É vulgar, mas não é normal. Nem é normal o outro reles abstraccionista ter-me declarado "guerra" por alguns amigos dele terem recebido convites meus.
Alguém que está a ler isto já deve ter pensado: "Estás a perder muito, por andares a escrever (e falar) assim!". E eu respondo que talvez esteja a perder algumas coisas, que alguns pintores criem inimizades comigo, que galerias não me aceitem porque têm com o"Jóia da coroa" artistas abstraccionistas. Mas também ganho muito, não estou a ceder a interesses, sejam económicos ou estéticos, mantenho-me fiel à "arte pela arte", sinto que o meu trabalho é algo de "genuíno" no sentido em que não estou a seguir o gosto de ninguém. Posso ser odiado ou amado, mas isso tudo faz parte da vida. Todos devemos dizer o que sentimos. Não custa nada. A nossa sociedade já é tão impessoal e fria, que se nos seguirmos pelos gostos ou modas impostos pelos outros deixamos de ser verdadeiros! Estamos a mentir a nós próprios! A arte precisa de "Verdade", ela é a alma do ser Humano. Ao contrário do que se diz, NÓS PRECISAMOS DE ARTE PARA VIVER!
São neste momento sete horas da manhã. Só precisava de acordar às oito, mas depois de ontem me ter intoxicado com café mal consegui dormir de noite. Para além da cafeína, algo mais me estava a tirar o sono, a "Arte". É obvio que a verdadeira arte tem que ter figuração. A chamada arte abstracta não passa de um mero exercício de texturas ou estudo de cor. Com isto não estou a dizer que artistas como Malevich, Mondrian, Kandinsky ou Rotko não tenham valor artístico. Claro que têm valor artístico e bastante válido no seu tempo. O que me aflige é o facto de ainda hoje haver "reles" imitações desses grandes artistas e continuarem a acharem-se inovadores. Curioso é o facto desses abstraccionistas terem um propósito com a sua pintura (intenção), "Criar uma nova arte" ou "Corrente artística". Estes abstraccionistas de hoje têm como intenção ganhar dinheiro fácil e "combinar as suas telas com a cor dos cortinados ou sofás lá de casa", o que é ridículo. Será que esta gente não se apercebe deste facto? Todos são artistas e todos são muito bons, mas na realidade poucos sabem representar a "figura", coisa essencial para a verdadeira arte. Como podemos representar algo sem o figurar? Provavelmente existirão muitas teorias e respostas a esta pergunta, defendendo a abstracção. Até alguém já analisou as pinturas do Pollock dizendo que representam searas, quando é facto conhecido que o pintor apenas queria representar o gesto, o movimento e a dinâmica. Com a figura, seja humana ou não, conseguimos exprimir tudo, seja real ou seja surreal, até conseguimos transmitir estados de espírito (pintura simbólica), sonhos, etc.
Viva a figura, morte ao abstraccionismo!
Voltando à questão que iniciei ontem:
Não sei como é que acontece noutros países, mas isto em Portugal é uma estupidez e é ridículo. O nosso país está infestado de parasitas que se auto-intitulam de artistas plásticos. Qualquer burro que não tem cérebro para tirar um curso faz umas pinceladas abstractas numa tela e diz "Vou ser artista", como são filhos de pais ricos ingressam numa escola de artes privada. Sim, privada, pois não conseguem ter médias para entrar numa Faculdade de Belas Artes e mesmo que tivessem essas médias não têm talento nem vocação para tal empresa. Como eu estava a dizer, vão para uma Faculdade Privada, tiram um curso de design ou de arquitectura (sim, porque gente rica não tira pintura ou escultura) e depois servem-se dos amigos dos pais e dos conhecimentos da família para venderem umas telas com uns abstractos de mau gosto, que na prática são todos iguais. O problema não é estas sanguessugas existirem no nosso país, o problema é que como sanguessugas que são, manientos e convencidos que são mesmo muito bons tentam aniquilar os novos artistas que lutam para entrar numa Faculdade, lutam para divulgar o seu trabalho, lutam para receber pagamentos de alguns comerciantes de arte (de honestidade duvidosa), lutam para sobreviver (pois não são de famílias ricas), etc. Será que se sentem assim tão ameaçados? Se eu fosse um artista conhecido em Portugal, com vendas suficientes para viver da arte, não me importaria de ver novos talentos a trabalhar e pesquisar. Aliás, como docente da àrea das artes costumo incentivar aqueles alunos que mostram talento, trabalho e criatividade a continuarem o bom trabalho.
Este país precisa de ser purgado, sangrado, desinfectado. é preciso criar um grupo de artistas bem seleccionado (pela qualidade, pelo trabalho e pela vontade de lutar) e meter a cultura neste país bem orientada. Tentar dar alguma organização a isto. Acabar com os lobbies dessa corja de "artistas" que não acrescenta nada de novo à arte mundial. Precisamos dum movimento artístico forte. Lembro-me muitas vezes de Marcell Duchamp e dos Dadaistas. Esses tentaram dar uma nova roupagem à arte e conseguiram. Picasso e Braque uniram-se para fazer vingar o Cubismo, etc. Caros amigos que pensam da mesma maneira que eu, temos de nos unir e lutar. Reparem que não sou contra o abstraccionismo mas sim contra o facilitismo e o preguicionismo. Vamos fazer renascer a arte, pois Portugal está podre e pobre em termos artísticos. À luta, amigos artistas.
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